terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

The Rocky Horror Picture Show




The Rocky Horror Picture Show é um daqueles filmes à frente de seu tempo. Não espere achar este radicalismo temático no filme musical tradicional dos grandes estúdios. Enquanto eles primam pelo belo e impecável, aqui o foco é outro, contra-cultura na veia. Tanto que no seu lançamento em 1975 passou despercebido pelo público e pela crítica. Sendo aos poucos elevado à merecida categoria de obra-prima. São vários os elementos que o colocaram neste patamar.  Desde a escolha acertada de atores desconhecidos, porém super competentes. Susan Sarandon, hoje reconhecida como uma grande atriz, ainda não tinha dado um grande passo em sua carreira. Barry Bostowick, que depois teve uma carreira irregular, com mais foco na televisão. Desde a mais radical de todas, a escolha de um travesti alienígena como protagonista, interpretado brilhantemente por Tim Curry. Cito também a deliciosa homenagem aos chamados Filmes B, películas que tinham um baixo orçamento. Mas que pela menor pressão, tinham uma liberdade temática bem maior do que os do mainstream. Da união de tudo isso, com a mão certeira do diretor Jim Sharman, surgiu algo estranho e fascinante.  

Os personagens Janet Weiss e Brad Majors são um típico casal americano da época, com todas as suas caretices. Tanto que o filme começa num casamento de amigos, onde no final o apaixonado Brad pede Janet em casamento. A normalidade termina aí. Ao visitar um antigo professor, o casal pega um temporal na estrada e tem um pneu furado. Aí começa o calvário deles. Ao pedirem para usarem o telefone de um antigo castelo, entram em contato com uma realidade assustadora, psicodélica e depravada sexualmente. Como assim depravada sexualmente? Vocês devem ter se perguntado. É que os personagens são tão loucos, que nos seus delírios cometem todo tipo de perversidade sexual. Ao começar pelo Dr. Frank-N-Furter, interpretado por Tim Curry, que faz uma interpretação digna dos grandes atores da história. Ele faz o papel de um cientista louco alienígena com roupas fetichistas. Ao ser apresentado ao casal, os mostra sua última criação, Rocky. Um ser criado aos moldes do monstro Frankstein, só que neste caso para satisfazer sexualmente  o seu ciumento criador. 

É aí que entra outra carta na manga do filme. A sátira aos filmes B de terror, que gerou clássicos vistos até hoje. Tanto que os personagens são uma corruptela de vários personagens que são figuras carimbadas deste tipo de filme. Como o cientista louco, o mordomo corcunda e o castelo mal – assombrado. Só que desta vez com uma pitada de erotismo e lisergia. O filme foi dirigido por Jim Sharman, que revelou em algumas entrevistas que usou estas referências de maneira consciente, pois era uma maneira de  unir duas coisas que o fascinavam, o terror e a contra-cultura dos 70. Esta bem presente na trama do filme, aliás em quais filmes podemos ver um protagonista travesti querendo perverter sexualmente seus “convidados”. Realmente é um filme que capta muito bem o espíto da época, hoje em dia este tipo de temática é bem difícil no careta começo do século XXI. Ainda mais em tempos de crise econômica, onde os produtores querem se arriscar cada vez menos.  


É justamente esta mistura louca e desenfreada de elementos dispersos que dá o charme ao filme e o colocou na posição de filme cult que ocupa hoje. Tanto que muitas pessoas que não são fãs do gênero musical o adoram. Muitos enfeitiçados pela trilha sonora, que adquiriu vida própria. Tanto que uma obra distante anos-luz da proposta de Rocky Horror a faz uma homenagem. A série de tv Glee fez uma releitura de suas canções em um dos números musicais que os personagens tem que criar na trama da série. 


Ver The Rocky Horror Picture Show é se deparar com algo ousado. Um bom filme é aquele que você se lembra muito tempo depois de o ver. Muitas vezes me pego sorrindo sozinho do humor non-sense de Dr. Frank-N-Furter. Na metamorfose que o casal careta sofre na casa, inclusive com homossexualismo no meio. Nos loucos personagens secundários, que parecem saídos de uma boite de algum inferninho que vemos nas grandes cidades. É algo que ainda será visto no futuro, sem perder o frescor dos anos 70. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário