terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A glória



Aos 15 minutos da prorrogação, no último lance das quartas de finais da Copa de 2010 aconteceu um daqueles fatos inimagináveis no mundo do futebol, uma daquelas aparições do sobrenatural de Almeida, que Nelson Rodrigues sempre citava. Asamoah Gyan teve a chance de entrar no hall dos grandes jogadores de todos os tempos, mas um pênalti perdido o tirou dali. Aconteceu uma falta marota pela direita, daquelas determinantes para mexer num placar no apagar das luzes de um jogo. Depois de um bate-rebate na área, a bola do jogo sobrou caprichosamente na cabeça de Dominic Adiyiah, quando Suarez colocou as duas mãos na bola, evitando o endereço certo. O jogo entre a seleção do Uruguai e de Gana parou. O juiz olhou para o bandeirinha, que olhou para o árbitro reserva e todos, sem pestanejar, indicaram a penalidade máxima e o cartão vermelho para o infrator que cometeu o pênalti mais escandaloso de todos os tempos. Ao colocar a bola na marca do pênalti, todos olhavam com confiança para Gyan, mesmo o jogo empatando Gana foi melhor no jogo, merecia a vitória e ele era a estrela do time. Apesar de a Copa ser na África todas as equipes do continente já tinham sido eliminadas. Do outro lado tinha o Uruguai, bi-campeão mundial, mas que desde 70 não chegava numa semi-final. Talvez o filme com este enredo de escola grandiosa, mas decadente, passou na cabeça de Suaréz e ele colocou a mão descaradamente na bola para evitar o destino certo do gol. Outro título sagrado que o africano iria obter era o de maior artilheiro africano em Copas, se juntando a Roger Milla, um mito do esporte vindo de Camarões com 5 gols. Ele se dirigia à bola com esta confiança de quem se sentia já como um herói nacional, pois se ele tivesse convertido a penalidade máxima, Gana seria a primeira seleção do continente a chegar nesta fase da competição mais importante do futebol e ele seria uma lenda viva. Apesar de ter produzido times memoráveis como a Nigéria de 94, o próprio Camarões de 90 de Milla, nunca havia chegado além das quartas. Quando Gyan chutou a penalidade máxima por cima da trave todos já sabiam que Gana perderia a batalha. A celeste se agigantou e conquistou a vaga na disputa por pênaltis com direito à cavadinha de Loco Abreu na última cobrança. A história foi ingrata com Gyan, ou ele foi ingrato com ela por não ter desfrutado da incrível oportunidade que foi colocada na sua frente? Realmente eu nunca me esquecerei da alegria de Suárez ao ver o seu sacrifício funcionando...





Nenhum comentário:

Postar um comentário