sexta-feira, 13 de julho de 2012

On the Road

On the Road não é um filme ruim, mas ao sair do filme fiquei com aquela sensação de que ficou faltando alguma coisa. Depois que li o livro há uns anos deu uma puta vontade de fazer uma viagem e conhecer o interior do Brasil. Mas após o filme a única sensação que me deu foi a de o tanto que é cansativo fazer uma viagem deste tipo. Talvez tenha faltado um pouco da poética louca e descompromissada do movimento beatnik no cinema de Walter Salles. A película tem bons momentos, principalmente na hora das noitadas regadas a jazz. Essa era uma das ambições de Jack Kerouac, fazer uma literatura no ritmo frenético do bebob. Salles consegue em alguns momentos, porém no final a tentativa de fazer um balanço do que aquela jornada poderia significar para os personagens faz com que a sua adaptação fique mais com cara de Coll jazz, isto é, demasiadamente suave e contemplativa. Apesar dos pesares, vale a ida ao cinema, em face do conformismo que tá rolando hoje no cinema, este é um filme que vai dar uma balançada, não da mesma força que o livro, na sua maneira de ver o mundo. O que me faz pensar na epopéia que foi levar o livro para a grande tela. Tantos e tantos projetos frustrados. A primeira que falaram em adaptar o livro foi no final dos anos 70 com Johnny Depp como Dean Moriarty sob a tutela de Francis Ford Copolla. Porém o projeto não seguiu adiante por várias razões. Até que o diretor de Godfather, depois de assistir “Diários de motocicleta” achou que Salles iria dar o tom certo. O que me coloca num exercício de imaginação. O que seria se a adaptação fosse feito ainda sob os efeitos dos anos 60 e 70? Ainda fortemente influenciadas pelo movimento beatnik.

Em relação aos atores rola uma química legal. E quem eu achei que iria ser o elo fraco da corrente se saiu muito bem. Kristen Stewart (aquela da série Crepúsculo) é uma Marylou bem safadinha, talvez pela força do seu olhar de louca ninfomaníaca, eu achei a personagem no filme melhor que no livro. Quanto aos outros deu um nó na orelha. Achei o Sam Riley um Sal Paradise meio bonzinho e bonitinho demais. E Garrett Hedlund, um Dean Moriarty vibrante, mas sem chegar ao nível “loucura total” do livro. Porém estas são observações de alguém que tem o livro como uma espécie de bíblia e que se sente incomodado em visões que divergem de sua visão sacra. Em algumas cenas vemos o tanto que houve um bom trabalho de atores. Destaco também Viggo Mortensen como Old Bull Lee, uma espécie de alter ego de William Burroughs, outro mestre beatnik.

Para finalizar, eu não poderia deixar de citar a direção de fotografia. Eric Gautier já havia trabalhado antes com Walter Salles em “Diários de Motocicleta”. E também “Na Natureza Selvagem”, desta vez com Sean Penn, outro road movie na sua mais completa tradução. Como é bom ver aquele céu e a paisagem do interior norte americano. Dá uma sensação de como a vida é chata quando se trabalha em um escritório de segunda a sexta usando gravata.