quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia



Tim Maia foi um personagem perfeito para uma biografia. Intenso e doidão, tinha muitas histórias memoráveis para contar. Desde sua vida suburbana na Tijuca, onde conviveu com Roberto e Erasmo Carlos (foi ele quem ensinou o Erasmo a tocar violão), indo pela sua passagem de 5 anos pelos Estados Unidos na adolescência e começo da vida adulta. Na volta ao Rio de Janeiro, deportado ao ser flagrado com um carro roubado. Sua luta para se encaixar no show business e a sua ascensão. Tudo isso está recheado de casos hilários, que você não acreditaria se o protagonista não fosse o Tim Maia do Brasil, como ele gostava de ser chamado.

Ninguém mais que Nelson Motta foi o responsável por escrever a biografia do amigo Tim. Que conheceu em 1969, quando foi produzir um disco da Elis Regina e estava atrás de uma música para o trabalho. Foi quando se deparou com “These are the songs” e viu o tamanho do talento do compositor, na época ainda um ilustre desconhecido. Motta foi uma espécie de espectro que circulava pela noite carioca desde o começo da década de 60. Presenciou o surgimento da Bossa Nova, do samba-rock, do rock anos 80, e outros tantos estilos da rica história da MPB. Muitas dessas histórias estão em seu outro livro chamado “Noites Tropicais”, mas aí já é uma outra história. Voltando ao gordo mais querido da música brasileira, o jornalista é preciso na fluidez da história. E se aproveitando do seu livre trânsito entre os mestres da música, reuniu depoimentos fantásticos. Nos sentimos numa roda fumando um com Tim do tanto que tudo é bem contado. Alias, as drogas têm um papel chave nesta história. Desde que conheceu a erva nos USA nunca mais a largou, sendo um consumidor que deixa o Marcelo D2 parecendo um menino. Outro fato que rende uma boa prosa foi sua constante mania de faltar aos shows. Com era um doidão crônico, muitas vezes fazia uma apresentação numa noite e varava o dia nas melhores companhias e com as melhores drogas. Sendo assim, não tinha condição nenhuma de cantar no dia seguinte.


Apesar desta falta de respeito com os empresários e o público, ele era amado por todos. Suas músicas tinham uma aceitação muito grande, em todas as classes e faixas etárias. O fazendo um campeão de vendas, o que lhe deu grande liberdade artística para ser o rei da música romântica brasileira, ou mela cueca e esquenta suvaco, como ele mesmo defina suas canções. Tim Maia do Brasil foi um dos maiores músicos da sua geração, vai ser lembrado para sempre. A biografia “Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia” está à altura do seu imenso talento e legado.