A abertura
de "Para Roma, com amor" é um deleite para os olhos. Aquele traveling
da câmera pairando sobre a Cidade Eterna com Volare de pano de fundo é
inesquecível. Este show de imagens me deu uma mostra do que seria mais uma
viagem inteligente pelo universo do judeu mais paranóico do cinema americano. O
que dizer daquele que é um dos grandes diretores americanos vivos, que trabalha
num ritmo acelerado de produção mesmo no alto dos seus 76 Anos. Muitas fases permearam
os seus trabalhos nestes anos. Desde 1966 com “O que há, Tigresa?” até o Para
Roma, com amor. Ele foi desde o humor
pastelão até filmes intimistas à la Ingmar Bergman. Apesar de filmes com
temáticas distintas sempre podemos ver um estilo próprio, pegando emprestado o
que os franceses da Cahiers du cinema chamavam de “cinema de autor”. É este
toque refinado que vemos neste último filme, que faz parte da série que ele produziu
na Europa.
Roma
Depois
de Londres, Barcelona e Paris, o palco agora é Roma com toda a sua beleza e
carga histórica. Woody Allen é um daqueles diretores que sabem ir a fundo nas
cidades, depois da suas mil visões brilhantes da cidade de NovaYork, ele nos
mostra uma Roma fabulosa, personagem ativa nas quatro tramas do filme. Dos seus
atores habituais somente Judy Davis está presente, além do próprio diretor, que
voltou a ser ator depois de 6 anos longe desta função. Sua última aventura na
frente das câmeras havia sido em “Scoop”. Agora ele resolveu trabalhar com
Roberto Benigni, Alisson Pill (Zelda Fitzgerald em Meia-noite em Paris),
Penénole Cruz (também pela segunda vez), Ellen Page, Jessé Einsenberg e Flávio
Parente, entre os principais.
Na
época da pré-produção do longa surgiram rumores que Allen iria fazer uma livre
adaptação de um livro clássico italiano, Decamerão de Boccaccio. O que acabou
não se concretizando. O que acontece são quatro histórias com a marca do
diretor. Com uma dose certa de comicidade inteligente, sem exageros. A mais
interessante é a que participa o próprio, pois nela podemos apreciar mais o
estilo dos diálogos cômicos e paranóicos. Allen faz o papel de Jerry, diretor e
produtor de ópera que ao ir para Roma visitar a filha que vai se casar,
descobre no pai do namorado da filha uma voz incrível. Depois de várias
tentativas de convencê-lo a cantar profissionalmente, finalmente o leva para
uma audição. Que se revela um fracasso, pois ele só consegue canta no chuveiro.
Eis que Jerry tem a brilhante idéia de colocar nos palcos banheiros
improvisados para que ele cantasse sem medo. O que vem daí são seqüências
hilárias, que por si já valeriam a ida ao cinema, mas ainda tem mais.
Enquanto
isso, entramos no mundo do estudante de arquitetura Jack (Jesse Eisenberg,
aquele de “A rede social”). Que estuda em Roma e por acaso encontra um
arquiteto americano (Alec Baldwin) nas ruas da cidade e o convida para tomar um
café na sua casa. E num daqueles truques “woody-allenianos”, se transforma numa
espécie de grilo falante de Jack. Dando conselhos em um caso amoroso que ele
tem com a amiga da namorada.
Na
mais romana das histórias, onde se fala italiano, em situações típicas da
cultura italiana vemos Milly e Antonio. Italianos do interior que vão para a
capital para um encontro com a família de Antonio, onde ele busca arrumar um
emprego e viver com
a “gente fina” da cidade. Só que minutos antes do encontro com a família no hotel em que estão, Milly vai dar uma volta na cidade e se perde. Na espera da esposa ele escuta uma batida na porta, e ao abri-la se depara com Anna (Penélope Cruz), prostituta que num engano acha que ele é que solicitou os seus serviços. Só que neste meio tempo a família dele chega e se depara com ela, então a solução é mentir e dizer que ela é sua esposa.
a “gente fina” da cidade. Só que minutos antes do encontro com a família no hotel em que estão, Milly vai dar uma volta na cidade e se perde. Na espera da esposa ele escuta uma batida na porta, e ao abri-la se depara com Anna (Penélope Cruz), prostituta que num engano acha que ele é que solicitou os seus serviços. Só que neste meio tempo a família dele chega e se depara com ela, então a solução é mentir e dizer que ela é sua esposa.
Já
na história onde o protagonista é Roberto Benigni, vemos uma crítica ácida aos
meios de comunicação de massa na sua eterna busca por glorificar pessoas
estúpidas. Ao sair de casa num dia qualquer, Leopoldo inexplicavelmente é alvo
de paparazzis que começam a fazer perguntas banais para ele. Até que a coisa
vai se tornando maior e ele começa a se tornar a pessoa mais famosa de Roma. Só
que da mesma maneira que a fama veio, ela vai embora. Causando uma demência no
personagem, que apesar de a ter rejeitado, descobre que não consegue viver semm
ela. Benigni está ótimo, Woody Allen conseguiu adaptar legal o estilo cômico do
italiano para o seu modo de filmar.
Vi
muitas críticas negativas nas redes sociais e em alguns jornais. Mas ao sair do
cinema eu tava leve e pensativo, num ótimo humor e com aquele sentimento de
satisfação depois que vemos uma obra de arte que nos toca. Acusam do filme de
ser mais do mesmo do diretor, mas se isso é o resultado de um estilo repetido,
então ele acertou em cheio. Gostei mais de “Meia-noite em Paris”, mas este não
fica muito atrás. O site IMDB tem a informação de que ele já tem mais um
projeto no forno, em 2013 será a vez de Cate Blanchett e Alec Baldwin
protagonizarem mais este trabalho do mestre. Porém as informações são poucas,
nem nome o filme ainda tem, mas certamente será mais um dos grandes
acontecimentos da comunidade cinéfila atual, esperar o novo filme de Woody
Allen.
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