A atual produção argentina possui um fenômeno parecido com o que ocorreu no Brasil no começo dos anos 90. Com o governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992), a principal financiadora dos filmes nacionais foi extinta. Com o fim da Embrafilme, o cinema brasileiro passou por uma difícil situação, tendo no ano de 1992 produzido apenas 3 filmes e 4 em 1993, segundo dados do ministério da cultura. Com as políticas neoliberais do governo de Carlos Menem, a Argentina seguiu o mesmo caminho. A situação mudou em 1995, quando foi criado o Fundo de Fomento Cinematográfico do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (INCAA), que diferente do caso brasileiro não é uma lei de incentivo. Em trabalho apresentado no III ENECULT (Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura) na Universidade da Bahia, Lindinalva Rubim define desta maneira o processo de captação de dinheiro pelo Incaa:
O Incaa não é uma lei de incentivo, como as brasileiras, mas um fundo composto a partir de três fontes de impostos principais: salas de exibição de cinema; do aluguel de videocassetes e da exibição de filmes na televisão. Tomando uma média entre os anos de 1999 e 2003, estes impostos perfazem, de modo aproximado: 30%, 10% e 60%, respectivamente, do Fundo. (RUBIM, 2007, p. 5)
Em dados observados no site do Incaa constata-se um aumento considerável na participação do cinema nacional no mercado do país. Em 1993 e 1994, a participação era de quase 2%, já em 1995 aumentou para 10,9%.
Apesar do aumento gradual da produção doméstica desde a implantação do Incaa, o cinema argentino ainda não alcança as cifras do cinema americano no país. Como pode ser visto nos números oficiais da bilheteria das películas estrangeiras e nacionais de 2006. Somente o público de A Era do Gelo equivale ao total dos cinco nacionais mais vistos.
Título | Espectadores | Arrecadação (US$) |
A era do gelo | 2.310.139 | 5.846.981 |
As Crônicas de Nárnia | 1.968.051 | 4.376.597 |
Piratas do Caribe, o baú da morte | 1.500.270 | 4.158.929 |
O Código DaVinci | 1.476.438 | 4.179.299 |
Carros | 1.097.079 | 2.875.453 |
Título | Espectadores | Arrecadação (US$) |
Bañeros 2, Todopoderosos | 1.044.664 | 2.866.035 |
El raton Perez | 869.719 | 2.174.877 |
Patoruzito 2, la gran aventura | 289.843 | 680.708 |
Crônica de uma fuga | 197.099 | 539.831 |
Las manos | 187.669 | 489.054 |
O que indica que o problema está na distribuição, pois segundo dados do Recam, que é um órgão consultor do Mercosul na temática cinematográfica e audiovisual, 80% do mercador exibidor argentino estava nas mãos de empresas estrangeiras em 2002. Buena Vista/Walt Disney possuía 20%, a Warner 18%, a Fox 16%, a Columbia 12%, a Universal 8% e a Paramount 2%. O que dificulta o escoamento da produção nacional nas salas de cinema. No artigo Las industrias del audiovisual en el MERCOSUR, escrito para o site do Recam, Octávio Genito diz:
Em 2004, 8 de cada 10 ingressos eram delas. Dos 63 filmes argentinos que entraram em cartaz, apenas três chegaram próximos do milhão de espectadores (Patoruzito, Clube da Lua e Perigosa obsessão). Outras atingiram entre 100 e 300 mil espectadores (O cachorro; Não é você, sou eu; O abraço partido; Roma; Ai, Juancito! e A menina santa). Os demais filmes mal fizeram 100 mil espectadores, boa parte menos de 10 mil. (GETINO; 2005b)
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