sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

POLÍTICAS PÚBLICAS


A atual produção argentina possui um fenômeno parecido com o que ocorreu no Brasil no começo dos anos 90. Com o governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992), a principal financiadora dos filmes nacionais foi extinta. Com o fim da Embrafilme, o cinema brasileiro passou por uma difícil situação, tendo no ano de 1992 produzido apenas 3 filmes e 4 em 1993, segundo dados do ministério da cultura. Com as políticas neoliberais do governo de Carlos Menem, a Argentina seguiu o mesmo caminho. A situação mudou em 1995, quando foi criado o Fundo de Fomento Cinematográfico do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (INCAA), que diferente do caso brasileiro não é uma lei de incentivo. Em trabalho apresentado no III ENECULT (Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura) na Universidade da Bahia, Lindinalva Rubim define desta maneira o processo de captação de dinheiro pelo Incaa:

O Incaa não é uma lei de incentivo, como as brasileiras, mas um fundo composto a partir de três fontes de impostos principais: salas de exibição de cinema; do aluguel de videocassetes e da exibição de filmes na televisão. Tomando uma média entre os anos de 1999 e 2003, estes impostos perfazem, de modo aproximado: 30%, 10% e 60%, respectivamente, do Fundo. (RUBIM, 2007, p. 5)

Em dados observados no site do Incaa constata-se um aumento considerável na participação do cinema nacional no mercado do país. Em 1993 e 1994, a participação era de quase 2%, já em 1995 aumentou para 10,9%. 
Apesar do aumento gradual da produção doméstica desde a implantação do Incaa, o cinema argentino ainda não alcança as cifras do cinema americano no país. Como pode ser visto nos números oficiais da bilheteria das películas estrangeiras e nacionais de 2006. Somente o público de A Era do Gelo equivale ao total dos cinco nacionais mais vistos.
Título
Espectadores
Arrecadação (US$)
A era do gelo
2.310.139
5.846.981
As Crônicas de Nárnia
1.968.051
4.376.597
Piratas do Caribe, o baú da morte
1.500.270
4.158.929
O Código DaVinci
1.476.438
4.179.299
Carros
1.097.079
2.875.453
Os cinco filmes estrangeiros mais vistos na Argentina em 2006. Fonte: www.incaa.gov.ar.
Título
Espectadores
Arrecadação (US$)
Bañeros 2, Todopoderosos
1.044.664
2.866.035
El raton Perez
869.719
2.174.877
Patoruzito 2, la gran aventura
289.843
680.708
Crônica de uma fuga
197.099
539.831
Las manos
187.669
489.054
Os cinco filmes nacionais mais vistos na Argentina em 2006. Fonte: www.incaa.gov.ar.

O que indica que o problema está na distribuição, pois segundo dados do Recam, que é um órgão consultor do Mercosul na temática cinematográfica e audiovisual, 80% do mercador exibidor argentino estava nas mãos de empresas estrangeiras em 2002. Buena Vista/Walt Disney possuía 20%, a Warner 18%, a Fox 16%, a Columbia 12%, a Universal 8% e a Paramount 2%. O que dificulta o escoamento da produção nacional nas salas de cinema. No artigo Las industrias del audiovisual en el MERCOSUR, escrito  para o site do Recam, Octávio Genito diz:
Em 2004, 8 de cada 10 ingressos eram delas. Dos 63 filmes argentinos que entraram em cartaz, apenas três chegaram próximos do milhão de espectadores (Patoruzito, Clube da Lua e Perigosa obsessão). Outras atingiram entre 100 e 300 mil espectadores (O cachorro; Não é você, sou eu; O abraço partido; Roma; Ai, Juancito! e A menina santa). Os demais filmes mal fizeram 100 mil espectadores, boa parte menos de 10 mil. (GETINO; 2005b)

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